As pessoas comuns podem alcançar a oração de contemplação?
“A oração é muitas vezes reduzida a regras rígidas e rápidas; é mapeada, rotulada e regulamentada, até se tornar difícil acreditar que ela é a linguagem do coração”
Muitas vezes, supomos que a oração de contemplação é reservada aos místicos ou religiosos enclausurados em mosteiros. Mas não é assim. Como disse o padre dominicano inglês Bede Jarrett em seu livro “Meditations for Layfolk” (Meditações para Leigos), “a contemplação é essencial a todos aqueles que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus”.
O Catecismo da Igreja Católica fala da contemplação como “um olhar de fé, fixo em Jesus” (cf. nº 2715). Contemplar é focar em Jesus, o que exige uma renúncia a si mesmo. A contemplação “volta o olhar aos mistérios da vida de Cristo” para obter o “conhecimento interior de nosso Senhor”, que aprofunda o amor e o desejo de segui-lo.
O pe. Jarrett observa que “A oração é muitas vezes reduzida a regras rígidas e rápidas; é mapeada, rotulada e regulamentada, até se tornar difícil acreditar que ela é a linguagem do coração”. Essa deturpação da oração retira delas todos os “toques pessoais” e toda a contemplação. No entanto, “contemplar é olhar”, e, por isso, o sacerdote nos assegura que “contemplar é perfeitamente simples”.
Ele nos orienta com método: direcionar o nosso olhar para algum mistério da fé, como a Santíssima Trindade, ou a cruz, ou a Eucaristia, ou a Santíssima Virgem Maria. E explica:
“A minha mente, iluminada pela verdade da Revelação que a Igreja me ensinou, se fixa em algum mistério ou em alguma parte de um mistério. Tento pensar no seu significado profundo. Chego então ao extremo de todo o meu conhecimento e espero diante da Verdade. Lentamente, enquanto observo, os detalhes, inimagináveis, despercebidos, vão aparecendo, emergindo nas sombras”.
O pe. Jarrett conclui:
“Isto é a contemplação: a verdade nua e nua, clareando a alma que se alegra em vigiar silenciosa aos pés de Cristo. Então, com profunda confiança, observo e ouço a Voz de Deus”.