A VOZ DO BISPO

A Vocação é um encontro com o Senhor.

Ao lembrar que a vocação é um processo de encontro, de vida é bom lembrar que “viver é ensinar o valor do respeito, o amor capaz de aceitar as várias diferenças, a prioridade da dignidade de todo ser humano sobre qualquer ideia, sentimentos, atividades e até pecados que possa ter” (FT n. 191).

Na origem de toda genuína vocação, está um encontro decisivo com o Senhor, pois não basta ser informado do que outros dizem, é preciso encontra-lo e vislumbrá-lo nos caminhos da História. Somos chamados e chamadas a ser povo de Deus, discípulos missionários e missionárias, para servir com alegria!

Um olhar a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II

Dando continuidade na reflexão sobre a vocação, o texto-base apresenta um olhar a partir do A Vocação é um encontro com o Senhor Concílio Ecumênico Vaticano II, o Documento de Aparecida e os ensinamentos do Papa Francisco. No olhar vocacional do Concílio Vaticano II, nós somos chamados a ser Povo de Deus. Um só povo eleito de Deus: “um só Senhor, uma só fé, um só batismo (Ef 4,5), comum a dignidade dos membros, comum a graça de filhos, comum a vocação à perfeição” (…) (LG, n.32).

A vocação no Concílio, é entendida como um chamado a todos e está diretamente ligada à consciência missionária, sendo ela uma resposta que conduz à santidade. A vocação universal à santidade, um convite dirigido a todos “quer pertençam à hierarquia, quer sejam apascentados por ela” (LG, n. 39). Nesse caminho, a Igreja é Sacramento de Cristo, instrumento da “íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG, n.1). Aqui se encontra a “vocação própria da Igreja” (LG, n.51).

Jesus Cristo é o grande modelo na vivência da vocação. Cada um em sua condição é convidado a viver a santidade como resposta ao chamado que Deus faz. A vocação de sermos santos é um dom, mas também um compromisso. Na Constituição Gaudium et Spes, o Concílio entende que o ser humano está a caminho, e, nesse processo, cada época exige respostas e esforços que a santidade seja alcançada. O documento enaltece a sublime vocação à “fraternidade universal” (GS, n.3). Este caráter comunitário da vocação a fraternidade faz parte da índole da vocação humana (GS, n. 24) que a torna capaz de responder à sua própria vocação (contato, serviço, diálogo).

No apostolado se entende toda atividade que ordene o mundo para Cristo. Por isso toda vocação cristã é sem dúvida vocação ao apostolado. A espiritualidade do Concílio Vaticano II é uma espiritualidade de comunhão. É um chamado a todos, e o batismo é a fonte das vocações. A vocação é dom, é graça. Esse dom recebido deve ser alimentado pela Palavra, Sacramentos, a Oração e o Serviço ao próximo. A vocação é estabelecida no horizonte do mistério, no encontro com Deus.

Discípulos Missionários: a Vocação em Aparecida.

“Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria, segui-lo é uma graça, e aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp, n.18). O documento de Aparecida nos possibilita um olhar profundo sobre a realidade vocacional de toda a Igreja. Deus, em sua infinita misericórdia ama e chama a cada um de seus filhos e filhas a se tornarem membros do Corpo Místico de Jesus Cristo, pela salvação da humanidade. Um amor que gera Vida e nos coloca em prontidão para amar.

Este chamado, fruto de um amor que se antecipa em vir ao encontro da criatura amada, lança-nos ao amor-serviço, à entrega na doação de si mesmo, tanto no matrimônio, como na vida consagrada e sacerdotal. Isso exige crescer na intimidade com Jesus Cristo.

Maria, a Senhora Aparecida, a Mãe, a Discípula, a Missionária, a nova Eva, que pela fé acolheu a Palavra e com seu Sim abraçou a humanidade e se tornou modelo de toda a pessoa vocacionada. No documento de Aparecida alguns pontos são fundamentais nesse chamado. Destacamos: O Amor de Deus no Princípio e no Fim de todo o chamado; A Vocação como Resposta ao Amor; Com Cristo uma Vida se torna Eucarística; Maria, Mãe e Discípula Missionária, modelo dos Vocacionados.

Como podemos perceber nesta tentativa de síntese sobre a vocação a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, podemos claramente entender que as decisões sobre os temas e lemas dos Anos Vocacionais tem seu foco justamente sobre a visão que o Concilio tinha sobre o tema da Vocação. No próximo número do informativo vamos aprofundar a visão do Documento de Aparecida sobre a Vocação.

 

 

Dom Protogenes José Luft, SdC.

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