A ideia de Van Gogh que pode mudar a maneira como você encara a vida cotidiana
Na vida cotidiana das pessoas comuns, Van Gogh via uma vivacidade latente implorando por expressão
Anos atrás, um amigo fez uma pergunta que eu lutava para responder desde então: por que ir a um museu de arte quando você pode procurar as pinturas na internet?
Hoje, finalmente encontrei a resposta em uma exposição de Van Gogh. Não apenas senti uma conexão tangível com o homem ao contemplar as telas que ele pintou, mas pude compreender melhor como ele usava brilhantemente as cores em cada pincelada.
Dito isso, deixei a exposição com outra questão para ponderar. Dispersos pelas pinturas, havia inúmeros fatos sobre a vida de Van Gogh e muitas citações do pintor. Uma que achei particularmente comovente mencionava o amor do artista pela terra e seu povo, especialmente aqueles que se dedicavam ao trabalho manual. Ele os via como indivíduos “iluminados por (…) uma religiosidade que sacralizava a humildade para a labuta diária”.
Na vida cotidiana das pessoas comuns, Van Gogh via uma vivacidade latente implorando por expressão. Por meio de seu talento com o pincel, ele foi capaz de expressá-la de uma maneira nova e duradoura.
Uma dessas “pessoas comuns” foi o semeador. Com um saco pendurado no ombro, ele lançava sementes no campo. A “ação” da pintura é bastante simples: um homem fazendo seu trabalho. Mas por que eu fiquei tão preso nessa simples ação? O que foi que fixou minha atenção na pintura? Certamente não achei que fosse a pintura mais impressionante – e ainda assim – lá estava eu, olhando para ela.
Vincent van Gogh (1853–1890)
Seria justo descrever a pintura como triste. A paleta de cores é monótona, com o uso de azul e cinza. Até mesmo o céu, que não está nublado nem claro. A única coisa que vi, no entanto, foi vibração.
O homem não está fazendo seu trabalho, está vivendo sua vocação, nutrido pela própria terra que manipula. Na tela, está retratado todo um drama entre o homem e o cosmos.
Van Gogh foi agraciado com os olhos para ver o belo no ordinário. Ele compartilhou sua visão comigo quando contemplei aquela pintura na vida real – e em tempo real. Por causa dessa interação, agora me pergunto com frequência: que dramas vejo se desenrolar todos os dias que simplesmente descarto como comuns?