Chacina em MT: “sobrevivi por instinto; só escutei os gritos da minha sobrinha”
Luiz Carlos Barbosa, sobreviveu à matança, mas perdeu a sobrinha e o tio.
Liz Brunetto | MidiaNews
O sobrevivente da chacina de Sinop, Luiz Carlos Barbosa, contou a terrível experiência que vivenciou no dia 21 de fevereiro ao ver parte da sua família sendo morta e quase entrar na conta das sete mortes da tragédia.
“Eu já fui acho que no instinto mesmo de me levantar e deslocar,[…] já pulei no carro e só escutei os gritos da minha sobrinha”, contou o sobrevivente.
A sobrinha dele de 12 anos, L.F.A., e o tio Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, de 36, foram mortos a sangue frio no local.
Luiz conta que já ficou de olho quando um dos atiradores, Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, buscou uma espingarda calibre 12 no banco de trás da caminhonete.
“Pelo fato de ter perdido [a partida de sinuca], eu vi no semblante dele que ele não estava gostando”. Edgar perdeu uma sequência de apostas em jogos de sinuca e não aceitou a nova derrota.
Nesse momento, o comparsa dele, Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, já havia rendido Getúlio. “Naquele momento do segundo tiro foi o momento que eu tive para poder escapar. Eu já fui acho que no instinto mesmo”.
Toda a ação foi muito rápida e as vítimas não tiveram chance alguma de defesa. A pequena L.F.A. levou um tiro nas costas enquanto tentava fugir do local.
“Imaginei que era simplesmente um assalto, pensei que eles iam só pegar o dinheiro pelo fato de terem perdido para o Getúlio”, disse Luiz.
A versão apresentada pela defesa é de que as vítimas teriam tirado sarro da cara de Edgar após as derrotas e ele teria “perdido” a cabeça.
O sobrevivente, no entanto, refuta essa versão e alega que em momento algum houve qualquer tipo de brincadeira ou falta de respeito.
“Em momento algum teve sarro, não teve brincadeira, não teve desrespeito. Quem conhece o Getúlio sabe que ele sempre foi um cara calado, respeitava seus oponentes independente de derrota ou vitória”, disse.
Morte e prisão
Ezequias morreu em confronto com militares do Bope e Edgar se entregou à Polícia com medo de receber o mesmo fim. Ele ainda exigiu a presença da imprensa para se resguardar.