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Os media católicos devem “criar histórias que promovam a dignidade dos migrantes”

O workshop para jornalistas católicos está a decorrer em Maputo, Moçambique. Durante uma semana, os meios de comunicação católicos dos países lusófonos de África vão deliberar sobre reportagens sobre migrantes e refugiados na região da IMBISA, em África e em todo o mundo.

Por Ir. Alfonce Kugwa – Maputo

O workshop, a decorrer de 25 a 28 de março de 2025, pretende encontrar formas empáticas de contar histórias sobre migrantes e refugiados. Para além dos media católicos estiveram também presentes sete Bispos, entre os quais o Arcebispo de Maputo, Dom João Carlos Hatoa Nunes; o Presidente da Comissão de Comunicação Social da Conferência Episcopal de Moçambique, Dom António Manuel Bogaio Constantino, MCCI; e Dom Bernadin Mfumbusa, representante do Comité Pan-Africano para as Comunicações Sociais (CEPACS) e Bispo da Diocese de Kondoa na Tanzânia. Outros bispos e funcionários do governo de Moçambique também participaram na abertura do evento.

Os migrantes e refugiados tornaram-se uma grande preocupação para os governos e para a Igreja em todo o mundo, e os meios de comunicação social precisam de contar histórias que promovam a sua dignidade e bem-estar. Daí o workshop para os jornalistas católicos atualizarem as suas competências na cobertura de pessoas em movimento.

O Evangelho que transforma as culturas

No seu discurso de abertura, o Presidente da SIGNIS África, Padre Walter Ihejirika, disse que a SIGNIS África foi animada pela visão da SIGNIS, que é envolver-se com os profissionais dos media e apoiar os Comunicadores Católicos para transformar as culturas das pessoas à luz do Evangelho, promovendo a Dignidade Humana, a Justiça e a Reconciliação.

“O segundo impulso que levou a este evento é a nossa convicção de que a comunicação desempenha um papel integrador em cada sociedade humana. Os meios de comunicação de massa são vistos como o centro da roda, ligando os vários raios que os suportam. Este projecto desenvolveu-se através da colaboração entre SIGNIS África e o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral. A primeira fase do projecto foi realizada em 2023, quando organizámos um workshop semelhante para jornalistas católicos no Uganda, com foco nos refugiados”, disse o Padre Ihejirika.

O Padre Ihejirika prestou homenagem ao Dicastério para a Comunicação e às Obras Missionárias Pontifícias pelo seu apoio aos meios de comunicação católicos no sul global para permitir a evangelização digital.

Migrantes, estereótipos e preconceitos algorítmicos

Existem milhões de migrantes económicos, políticos, sociais e religiosos que são estereotipados e rotulados como refugiados, estrangeiros ou moradores ilegais por falta de uma linguagem comum para os descrever.

Falando sobre as “Dimensões comunicativas da visão da Igreja sobre os migrantes numa perspectiva africana”, o Bispo Mfumbusa repetiu que existiam preconceitos algorítmicos que exacerbavam os conflitos, a pobreza e a doença, com a promoção de estereótipos das sociedades distópicas. O prelado desafiou os comunicadores católicos a criarem uma linguagem melhor que dê aos migrantes e refugiados um rosto, dignidade e integridade.

Dom Mfumbusa disse que os motores da migração vão desde factores económicos, tráfico de seres humanos, sindicatos do crime e desafios ambientais, destacando que havia muito preconceito, desinformação, má informação e informação tendenciosa nas reportagens sobre migrantes e refugiados e apelou aos jornalistas católicos para desenvolverem uma narrativa positiva sobre as pessoas em movimento.



Celebreu da Eucaristia deu início ao workshop organizado por SIGNIS África em Maputo   (Rogério Maduca, Radio Pax (Moçambique))

“Os media digitais têm implicações nas reportagens sobre migrantes e refugiados e, como jornalistas, temos a obrigação de mudar a narrativa e retratar estas pessoas de uma forma melhor e apropriada”, enfatizou Dom Mfumbusa.

O Bispo encorajou os jornalistas a formularem narrativas cristãs africanas que sejam influenciadas pelo Ubuntu na sua cobertura de migrantes e refugiados.

Workshop sobre reportagens de migrantes e refugiados na região da IMBISA

Workshop sobre reportagens de migrantes e refugiados na região da IMBISA

Investigar migrantes e tráfico de seres humanos

Dando o seu ponto de vista sobre os migrantes e refugiados, Francisco Junior, jornalista de investigação da Televisão Moçambicana, lamentou o tráfico de seres humanos em África que, segundo ele, foi perpetuado pela pobreza, guerra, catástrofes e falta de acesso a recursos económicos e naturais. Junior recomendou viajar com migrantes e refugiados e facilitar o apoio psicológico e emocional. Disse que os meios de comunicação da Igreja têm um grande papel no acompanhamento, na reportagem e na oferta de apoio às pessoas afetadas pelo tráfico.

Outros temas a abordar no workshop incluem a experiência da Igreja Católica Moçambicana com os migrantes e as implicações para os jornalistas católicos, as dimensões comunicativas da visão da Igreja para os migrantes na região da IMBISA, reportagem sobre migrantes e reportagens especializadas.

Foto de grupo dos participantes no workshop de SIGNIS África em Maputo

Foto de grupo dos participantes no workshop de SIGNIS África em Maputo

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