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Papa na missa em Ajácio: quem se considera justo não se renova

Na homilia da missa celebrada em Ajácio, Francisco recordou que “o advento do Senhor torna-se uma celebração cheia de futuro para todos os povos: na companhia de Jesus, descobrimos a verdadeira alegria de viver e de dar os sinais de esperança que o mundo espera”.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco celebrou a missa na Praça de Austerlitz, em Ajácio, neste domingo (15/12), no âmbito de sua viagem à Córsega para o encerramento do congresso sobre “Religiosidade Popular no Mediterrâneo”.

“As pessoas perguntam a João Batista: «Que devemos, então, fazer?» É uma pergunta que deve ser escutada com atenção, porque exprime o desejo de renovar a vida, de a mudar para melhor. João está a anunciar a chegada do Messias há muito esperado: quem ouve a pregação do Batista quer preparar-se para esse encontro”, disse o Papa no início de sua homilia.

“O Evangelho segundo Lucas testemunha que são precisamente os mais distantes que exprimem este desejo de conversão”, disse Francisco, acrescentando:

Quem se considera justo não se renova. Mas, aqueles que eram considerados pecadores públicos querem passar de uma conduta desonesta e violenta para uma vida nova. Quem está longe torna-se próximo quando Cristo se faz próximo de nós.

“Implicando especialmente os últimos e os excluídos, o anúncio do Senhor desperta as consciências, porque Ele vem para salvar e não para condenar quem estava perdido”, sublinhou o Papa.

Queridos irmãos e irmãs, por isso mesmo também nós hoje fazemos nossa a pergunta que as multidões fizeram a João Batista. Neste tempo de Advento, tenhamos a coragem de perguntar, sem medo: “que devemos fazer?” Perguntemo-nos com sinceridade, para preparar um coração humilde e confiante ao Senhor que vem.

A seguir, o Pontífice falou sobre dois modos de esperar o Messias: a espera suspeitosa e a espera alegre.

A primeira, a espera suspeitosa, “está cheia de desconfiança e ansiedade”. Segundo o Papa, “aquele que tem a mente ocupada com pensamentos egocêntricos perde a alegria da alma: em vez de vigiar com esperança, duvida do futuro. Totalmente envolvido em projetos mundanos, não espera a obra da Providência”.

É então que surge a palavra salutar de São Paulo, que sacode deste torpor: «Por nada vos deixeis inquietar». Não andeis angustiados, desiludidos, tristes. Como estão difundidos estes males espirituais hoje em dia, sobretudo onde se difunde o consumismo! Uma sociedade assim envelhece insatisfeita, porque não sabe dar: quem vive para si nunca será feliz.

No entanto, o Apóstolo nos oferece um remédio eficaz quando escreve: «em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em ações de graças».

A fé em Deus dá esperança! Precisamente nestes dias, no Congresso que aqui teve lugar em Ajácio, foi sublinhada a importância de cultivar a fé, valorizando o papel da piedade popular. Pensemos na oração do Rosário: se for redescoberta e bem praticada, ensina-nos a manter o coração centrado em Jesus Cristo, com o olhar contemplativo de Maria. E pensemos nas confrarias, que nos podem educar para o serviço gratuito ao próximo, tanto espiritual quanto corporal.

Segundo Francisco, “estas associações de fiéis, tão ricas de história, participam ativamente na liturgia e na oração da Igreja, que embelezam com os cânticos e as devoções do povo”. “Aos membros das confrarias, recomendo que, sempre e com disponibilidade, se aproximem, sobretudo das pessoas mais frágeis, tornando a fé operosa na caridade”, sublinhou.

A seguir, o Papa refletiu sobre a segunda atitude espiritual: a espera alegre. “A alegria cristã não é de modo algum irrefletida, superficial. Pelo contrário, é uma alegria do coração, assente num fundamento sólido. A vinda do Senhor nos traz a salvação: é, por isso, motivo de alegria. Portanto, a nossa alegria não é uma consolação ilusória para esquecer as tristezas da vida. É o fruto do Espírito por meio da fé em Cristo Salvador, que bate ao nosso coração, libertando-o da tristeza e do tédio. Por conseguinte, o advento do Senhor torna-se uma celebração cheia de futuro para todos os povos: na companhia de Jesus, descobrimos a verdadeira alegria de viver e de dar os sinais de esperança que o mundo espera”, disse ainda Francisco.

O primeiro destes sinais é o da paz. Aquele que vem é o Emanuel, o Deus conosco, que dá a paz aos homens por Ele amados. Neste Tempo de Advento, enquanto nos preparamos para O acolher, que as nossas comunidades cresçam na capacidade de acompanhar todos, especialmente os jovens, no caminho rumo ao Batismo e demais Sacramentos. Graças a Deus, na Córsega, são muitos! Continuai assim: a Igreja é fecunda quando é alegre. É este o estilo do nosso anúncio, que a todos leva a paz do Senhor e a luz da fé.

O Papa recordou “que não faltam motivos graves de tristeza entre as nações: miséria, guerras, corrupção, violência”. “A Palavra de Deus, porém, nos encoraja sempre. Perante as devastações que oprimem os povos, a Igreja proclama uma esperança certa, que não desilude, porque o Senhor vem habitar no meio de nós. Assim, o nosso compromisso em favor da paz e da justiça encontra na sua vinda uma força inesgotável”, concluiu Francisco.

VATICANO NEWS

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